Descrição
Foi através das histórias contadas na hora de dormir pelo pai, o agricultor Joaquim Francisco Borges, que José Francisco Borges, o mestre J. Borges, enveredou pelo mundo da sonora e ritmada poesia de cordel. Nasceu na zona rural de Bezerros, município do Agreste Central, no dia 20 de dezembro de 1935. Seguiu a mesma sina dos meninos vindos de famílias pobres, trocando as brincadeiras da infância pelo trabalho. Aos oito anos de idade já estava na lavoura e, aos dez, vendia na feira da cidade colheres de pau que ele mesmo produzia. Só frequentou a escola por dez meses, aos 12 anos, e na adolescência, agarrou todas as chances dadas pela vida: foi passador de jogo de bicho, pedreiro, carpinteiro, pintor de parede, oleiro, trabalhador da palha da cana de açúcar e vendedor. Encontrou seu caminho aos 21 anos e através dele se tornou artista consagrado, com obra premiada e admirado em todo o mundo.
Em madeiras como a imburana e o louro canela, usadas no entalhe cuidadoso das matrizes que dão origem às gravuras, J. Borges reinventa e dá novos significados ao imaginário nordestino. Um universo em plena expansão e densamente povoado por figuras encantadas, seres alados, animais, anjos, o povo e sua resiliência, cangaceiros, vaqueiros, cantadores, entre outros tantos heróis populares talhados sob o sol do Sertão.
A nora Edna Silva também é xilogravurista e teve o sogro como sua maior inspiração durante os 14 anos de trabalho conjunto.
“A gente pegava um trabalho para ele e dizia: ‘olha, Borges, a ideia é essa aqui’. Quando voltava, em uma hora, ele já tinha feito aquela arte. Ele criou uma identidade para a gente que vai levar para gerações. A gravura dele, o colorido dele, a modéstia, o amor que ele tinha pela nossa cultura, pelo folclore, tudo que estava na gravura dele que toca o coração de pessoas de qualquer parte do mundo”, contou.
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